segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Prostituta

Entre um coração disparado e outro cigarro, observo esta meia calça levemente abaixada, timidamente despida, florindo um buquê robusto diante de meus olhos quase opacos, quase ocos.
Escarro nessa cara negra de puta, rasgo os 60, os 80 fios já puidos que agora mesmo se deitavam sobre os pés ossudos e quase masculinos da mulher.
Ela me olha assustada, sem entender a mudança que ocorreu em seu rosto, de prazer transformado em medo.

Esse mesmo medo é o meu prazer e gozo. Gozo aromas sujos e quimicamente pesados, lembrando almoxarifados hospitalares.
Pego a meia-calça em frangalhos. Uma espécie de souvenir que vai se juntar a uma coleção freak.
Ela se exprime contra a parede e ensaia um ponta-pé. Deixo o dinheiro sobre a cama e saio.
Saio para a noite leve de primavera, infantil, soprando uma brisa doce, despindo o ardor das damas-da-noite.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

aqui me deito
daqui não me levanto.

a negativa não atrai próclise
a negativa não afasta tudo

até o indesejado.