sábado, 22 de novembro de 2008

Pequeno Vermelho.


- Amor, amor acorda! Preciso lhe falar. Sonhei estranho e o fogo das velas estão estremecendo de mais.
- Só sua mente perturbada e a brisa, volta a dormir, amanhã tenho que buscar o carro na oficina cedo.
- Vou ao banheiro.
Ah, imagem trepidante, trêmula na superfície do espelho. E eu e essa irritação na minha pele te dizemos: Cuidado, nem tudo ao mundo dos vivos pertence, nem tudo ao mundo dos mortos se vai.
Agora sou menino ou menina? Será que atravessei o arco-íris? Ensine-me o caminho de volta que rapidinho volto a ser rapaz. Essa música veio de onde, heim? Melhor puxar a descarga três vezes.
- Voltei, ainda não dormiu?
- Dormi, mas você acabou de me acordar. E esse fogo tá estranho mesmo.
- Amanhã a gente chama alguém pra consertar.
- Como se já não bastasse o carro...
- Pois é.
- Te amo.
- Eu não.
- Durmam bem.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

petit vulcan

Na química deste oceano há nocividade e fontes de uma natureza eterna, preenchidas de casas desorganizadas pela brisa marítma.
Em algum cômodo ele tem certeza que esqueceu a certeza. Hoje há frutas podres pelo chão, mas o ar continua inodoro. O chão.
Úmido.

Há o cômodo que, como coração fosse, pulsa empurrando sentimentos, memórias e perspectivas por corredores vagos.

- Naquele quarto eu não penso. Mas em sonhos já não posso fugir dele!

Um dia há de alguém abrir suas janelas, e as infiltrações serão reparadas com o muco de seus pulmões de ar aliviado.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

seus meus nossos cheiros.

I.

Hoje, em homenagem a ti, saí do meu quarto escuro e cheio de lembranças. E cheio de lembranças fui para a loja de perfumes mais próxima, reavivá-las. Procurava por teu cheiro engarrafado em álcool, fixador e alguma mistura sublime de fragrâncias. Sabes muito bem que sempre fui muito ligado ao sensorial e meu olfato emenda as mais lindas ou obscuras sinapses de lembranças. Aquelas que esquecemos inconscientemente pelo simples fato da emoção ser tão grande que pode chegar a causar traumas.
Você foi um trauma.
Assim que encontrei o que queria, me vi criando um hábito. Já havia estado naquele mesmo local, em frente à mesma estante, olhando com uma mescla de sentimentos para o frasco meio vazio de pedaços de você.
Sempre hesitante borrifo um pouco no peito da mão esquerda e milhões de pequenos fragmentos momentos beijos gozos brigas silêncios e limões se espalham pela atmosfera impessoal da loja e impregnam-se na minha pele. Aí, sacudo levemente a mão, suspendendo você pelo ar, suspendendo o momento de te inalar e por alguns instantes (longos instantes) ser nocauteado por turbilhões de sentimentos subjetivos, celestiais, aquelas sensações que roubam o seu estômago e não deixam vestígios de palavras na altura da boca. Faltam-me palavras na boca.
De cinco em cinco minutos visito o seu corpo, percorro a vastidão do seu peito e chego ao pé dos vales sensíveis do seu pescoço, onde riachos deste cheiro transbordam, devastando-me e deixando marcas permanentes de você.
É engraçado o único resquício de intimidade com você ser este cheiro que chega ao fim. Não acredito que já te conheci tão bem a ponto de acreditar.

II.

Com o tempo perdia o meu cheiro próprio, confesso. Por mais que eu abusasse, e você sabe que tenho esse costume, era o seu cheiro que se sobrepunha ao meu perfume, nos pulsos e nos casacos e nos travesseiros. Ele me atingia em borrifadas quentes cada vez mais fortes, atordoando o meu eu a ponto de causar náuseas.
As visitas à perfumaria local vieram com mais freqüência e os vendedores já me olhavam torto, como se eu fosse algum leproso obsessivo. Imagine você, uma atendente, julgo que a mais ousada, chegou a vir me perguntar se eu um dia não iria resolver levar o perfume, afinal, tantas vezes já o tinha experimentado na minha pele, nota esta que achei louvável, já que nas minhas primeiras visitas eu apenas saia abanando um provador de papel. Ainda possuo essas tirinhas mágicas (quis dizer sádicas) de você.
Acho que foi mais ou menos nessa época que começaram a perceber que eu cheirava a outro. Um outro que não eu e olhavam com olhos ora curiosos, ora acusadores. Mas eu não dava a mínima, carregava você comigo e isso é o que importava.
Aí passei a vestir roupas parecidas com as suas, só de farra, para acentuar a discrepância comigo.
Aliás, lembra-se como falavam que éramos tão diferentes? Na idade, nas idéias, no caráter, nas roupas, no cheiro. Você sempre carregava esse cheiro desalinhado, bruto, selvagem. Uma mistura perfeita entre os citrismos e tons de suor.
Uma afronta!
Já eu era todo maneiras, sem cinismos, meu cheiro era comportado e não adentrava as narinas dos desavisados.

III.
Quando vi tinha mudado meu jeito de andar, de falar, de sentir, de comer, de rir, de olhar.
Era engraçado, mas eu estava cada dia mais fascinado com as minhas mudanças.
Um dia acordei envolto pelas densas ondas desse seu cheiro como nunca tinha estado antes. Deliciei-me e esperei o gozo. Não veio. Exasperei. Não era mais reativo. Cheguei a pensar que, talvez, quem sabe, havia finalmente passado e você com seu cheiro haviam ficado para trás. Engano. A idéia me deu um soco no estômago e me contraí.
Ainda lacrimejando de dor e em uma atitude desesperada fui atrás dos pedacinhos de papel - você. Encontrei. Indiferença. Então por que a idéia de te perder me atormentava tanto?
Fui ao banheiro, precisava de água fresca no rosto.
E então, você poderá imaginar o que eu senti quando levantei os olhos ao espelho, pois, vejam só, foi o seu rosto que vi ali refletido.

domingo, 5 de outubro de 2008

I.

Hoje, em homenagem a ti, saí do meu quarto escuro e cheio de lembranças. E cheio de lembranças fui para a loja de perfumes mais próxima, reavivá-las. Procurava por teu cheiro engarrafado em álcool, fixador e alguma mistura sublime de fragrâncias. Sabes muito bem que sempre fui muito ligado ao sensorial e meu olfato emenda as mais lindas ou obscuras sinápses de lembranças. Aquelas que esquecemos inconscientemente pelo simples fato da emoção ser tão grande que pode chegar a causar traumas.
Você foi um trauma.
Assim que encontrei o que queria, me vi criando um hábito. Já havia estado naquele mesmo local, em frente a mesma estante, olhando com uma mescla de sentimentos para o frasco meio vazio de pedaços de você.
Sempre hesitante borrifo um pouco no peito da mão esquerda e milhões de pequenos fragmentos momentos beijos gozos brigas silêncios e limões se espalham pela atmosfera impessoal da loja e impregnam-se na minha pele. Aí, sacudo levemente a mão, suspendendo você pelo ar, suspendendo o momento de te inalar e por alguns instantes (longos instantes) ser nocauteado por turbilhões de sentimentos subjetivos, celestiais, aquelas sensações que roubam o seu estômago e nao deixam vestígios de palavras na altura da boca. Me faltam palavras na boca.
De cinco em cinco minutos visito o seu corpo, percorro a vastidão do seu peito e chego ao pé dos vales sensíveis do seu pescoço, onde riachos deste cheiro transbordam, devastando-me e deixando marcas permanentes de você.
É engraçado o único resquício de intimidade com você ser este cheiro que chega ao fim. Não acredito que já te conheci tão bem a ponto de acreditar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Prostituta

Entre um coração disparado e outro cigarro, observo esta meia calça levemente abaixada, timidamente despida, florindo um buquê robusto diante de meus olhos quase opacos, quase ocos.
Escarro nessa cara negra de puta, rasgo os 60, os 80 fios já puidos que agora mesmo se deitavam sobre os pés ossudos e quase masculinos da mulher.
Ela me olha assustada, sem entender a mudança que ocorreu em seu rosto, de prazer transformado em medo.

Esse mesmo medo é o meu prazer e gozo. Gozo aromas sujos e quimicamente pesados, lembrando almoxarifados hospitalares.
Pego a meia-calça em frangalhos. Uma espécie de souvenir que vai se juntar a uma coleção freak.
Ela se exprime contra a parede e ensaia um ponta-pé. Deixo o dinheiro sobre a cama e saio.
Saio para a noite leve de primavera, infantil, soprando uma brisa doce, despindo o ardor das damas-da-noite.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

aqui me deito
daqui não me levanto.

a negativa não atrai próclise
a negativa não afasta tudo

até o indesejado.

sábado, 16 de agosto de 2008

um sábado

Mesmo com o esforço das pás deste ventilador o ar continua imóvel, denso, quente, úmido.
Ele está logo ali, em meio aos lençois e um pouco de suor. Parece não reconhecer sua cama. Parece haver um desconforto maior.
Cheguemos mais perto para ver o que acontece.

Ah! Apenas uma batalha comum, paixão e medo.
Ele acha que é amor dessa vez, que nao vai cansar dessa vez, nem vai se decepcionar dessa vez, ou se irritar dessa vez.
Porém, por vez ou outra se dá conta dos perigos e da sujeira do mundo e das pessoas. Não sendo suficiente, logo cai no lirismo outra vez e retoma sua barca que navega por entre orquídeas brancas e vermelhas.

Agora treme. Parece febril. Há sede nestes corpos.
A campainha toca.
Levanta-se e abre a porta, portando apenas sua roupa de baixo branca.
Quem quer que fosse, se fosse importante, nao se importaria. A sede faz os corpos delirarem!
Ele pensou em falar. E quando inspirou, não havia ninguém.
Estava louco sujo acordado excitado debaixo daqueles lençóis frios quentes.

Voltou para a cama.

Dessa vez pensava nas pessoas que queria que estivessem lá, paradas, emolduradas pela sua porta. Não achou ninguém a não ser... enfim, nunca tocaria sua campainha mesmo. Percebeu que não tinha lógica em atender aos chamados do mundo lá fora, afinal o tal mundo ingrato só lhe trazia o calor enjoativo da estação.

[...]

Não havia por que permanecer alí.
Despiu-se por completo e deitou-se no chão gelado, acolhedor e laminado.
Percebeu que estava perdendo muitos pelos por que, puta merda, aquele chão estava imundo com tantos fios soltos, em vários formatos e tamanhos e espessuras tendo em comum o único fato de serem negros.

A campainha tocou pois cansei dessa ladainha.

terça-feira, 1 de julho de 2008

E as tubulações alheias.


Um esboço de sorriso se formou, como fenda que se abre na terra seca, mas insólita. A escuridão da noite que avançando já ia, passava pelos portais das janelas, escurecendo mais ainda o que à escuridão foi destinado.
Lá ninguém perceberia a rachadura distinta.

A ardência, provocada pelo mármore polido dos degraus, penetrava pela sola dos pés desnudos.
Esqueçam os olhos, a tudo o breu engole. Não esqueçam as lágrimas
Apenas as experiências sensoriais foram exploradas.
Primeiro, o roçar do tecido leve entre as pernas. Macio, que no toque inicial proporciona um frescor gélido de exposição prolongada à brisa marítima. Esse roçar o impulsionava a andar.

Não andou.

Tentava dominar aquele frio vindo de baixo. Tentava aquecê-lo, mas ele, persistente, só fazia esfriar mais, em uma batalha silenciosa.

O frio já envolvia seus pés. A ardência tornou-se anestésico.

Acompanhado daquelas pesadas borboletas esvoaçando suas asas pelo ventre. São sempre as mesmas, no ventre dos amantes e dos que ficaram para trás.

Pensava se agora, suas mãos rígidas, não teriam já se tornado no mármore invencível. Penalidade que fosse, por terem percorrido calores tão mais ardentes. Os calores da pele bruta, aquele calor que difere dos outros tantos calores de outras tantas peles. Os calores Daquela pele bruta.
Sabia que esse calor, pele, roçar, sorriso, olhos, encontravam-se ali, pouco abaixo. Mas seus pés já haviam se colado ao verniz do mármore, não venceria mais aqueles poucos degraus, não avançaria mais pela porta de madeira escura, intrometendo sua cópia da chave, artefato este que havia dito estar perdido e que na verdade perdia-se no fundo de uma gaveta, esperando o momento último de desespero. Também não falaria, não gritaria muito menos choraria.
Nesse ponto ria. E como ria!
O saguão ecoou. O silencio voltou.
Estremeceu.

sábado, 21 de junho de 2008

o quarto e o corredor.

Quando abriu os olhos, percebeu que corria. Dono dos seus pés que era, espantou-se ao ver pelo seus olhos as imagens voando, borrando, sobrepondo-se. Achou que havia acordado em um sonho estranho, algum desses em que o subconsciente resolve exprimir o máximo de sua criatividade & angústia.
Mas o peito ofegava, arfante, o vento cruzava o seu rosto, esfriando seu nariz, suas orelhas.
Por um instante, e apenas um instante, perguntou-se se não deveria tentar parar, impedir o avanço destas pernas tão rebeldes.
Mas o instante passou com essa mesma idéia de rebeldia o assustando. Teve medo de interfirir.
Pegou-se tentando encarar aquilo com prazer, com naturalidade, como passeio que fosse. Mas já concluíra que seu corpo estava mesmo em revolta, ele que tentava poupar ao máximo os movimentos, seus músculos pequenos, mas ainda assim fortes o suficiente para contestar essa falta de mobilidade. Começaram as dores e ardências, penalizando a infração que era correr tanto.
Sentiu-se irreconhecível. O que será que havia acontecido com o seu eu?
Os edifícios passavam ligeiros, efêmeros.
Será que teria ficado para trás, como alma que se desprende do corpo, por este ter ido muito à frente?
Já estava tão longe...
Será que havia esquecido de acordar?
Sabemos que agora ele já nem sabia como era estar inerte, a paralisia ficou para trás (quem sabe com a sua alma paralítica). Mentira, via que essa movimentação era mais uma forma de paralisia.
Enfim esqueceu-se, habituou-se.
Enfim corria.

E correu.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

queria eu ter uma varinha.

apesar do pobre coitado não ter nada a ver com a história, sinto vontade de feri-lo.
quem sabe tocar em uma ferida velha, aquela que bem sei eu! ah, seria ótimo perguntar de forma impertinente sobre aquela marca ali, tão aparente, aquela alí ó, não adianta esconder!
poderia fazer isso de modo lento, começando como quem nao quer nada, e ZAP!
como estou sádico.
mas... ele não tem culpa de nada, o coitado, vítima.

como sou sujo.

tentaria justificar a minha sujeira, dizer que aquele encardido ali foi deixado por tal pessoa no caminho da vida.
mas estaria me enganando. nao me limpo por que nao quero, por que é mais comodo assim. sou o ser do comodismo.

na verdade, chama-se a isso cano de escape.
minhas idéias de tão idealizadas estão no pedestal mais alto, não podem mais ser feridas nem escutar os meus desaforos de indignação.
resta-me mesmo é descontar a raiva nos coitados.



engraçado como sempre que escrevo aqui, parece que estou tendo déjà-vus. acabei de ter um.

terça-feira, 13 de maio de 2008

ensaio

PRIMEIRO ATO

Ambiente hindu-budista, incensos, almofadas coloridas e tecidos estampados pelo chão.

Bolinhas de sabão pairam pelo ar.

Há uma bacia rasa e discreta, com água e sabão, e um arame em circuferência grande com haste, para fazer bolas de sabão maiores, logo a frente das almofadas.
Não se sabe a hora nem o local exato. (Macro-rubrica)

Cena 1

Hippie.

Hippie:
Sentado nas almofadas, em frente a bacia rasa. Ainda sentado levanta a cabeça sem pressa. (Rubrica objetiva)

Expressão de paz filosófica:
(Rubrica subjetiva)
Eu sempre gostei de bolhinhas de sabão...


Brinca com as bolhinhas.
(Rubrica objetiva)

Olhar vago: (Rubrica subjetiva)
Tão puras... São só de água e sabão.
Tão coloridas... Mesmo assim, translúcidas, transparentes, como se fossem mesmo lúcidas.
Levanta-se, pega o arame em circunferência, mergulha na água e, rodando no ar, faz uma bola maior que as outras. Assiste ela tomando forma e logo depois estourar. (Rubrica objetiva)
Volta a si: (Rubrica subjetiva)
Se você se esforçar pode encontrar o sentido da vida em cada detalhe, como naquela bolha de sabão tão efêmera.
Elas são como o mundo, a natureza e a vida em sua essência!
No começo pode até parecer turbulenta e disforme. Mas é só parar para observarmos mais de perto e aquietarmos os ventos da vida que ela assume sua forma plena, infinita, com seus redemoinhos de cores.
Todo esse equilíbrio, essa plenitude pode lhe parecer até simplório. Afinal, isso é apenas água e sabão.
Mas a vida também é assim, e é assim como eu a encaro e a aceito, obviamente, não apenas de água e sabão, mas apenas de PAZ e AMOR.




Alguma música do musical Hair começa a tocar... (Macro-rubrica)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Essa pobreza de espírito.

terça-feira, 6 de maio de 2008

cought!

Tendo em vista que estou aqui, em meu lugar, e você aí, em seu lugar, meu peito aperta e se pergunta embalado ao som de algum grupo, "por que é que nao se junta tudo numa coisa só?!"

__

Sinto-me preso aos garotos do meu passado, fico ansioso, nao consigo me esvair pela ponta da caneta.
As vozes a minha volta me irritam, sinto minhas entranhas ficarem túrgidas de algo gélido, tão gélido que queima, queima minhas paixões e meus ódios, sendo eles, viscerais...

__

Ah, como mosca tonta, faz-me seguir seus odores, seus fluídos e me deixas nú. Retira deliciosamente minhas carapaças, minhas resguardas.
Quando me entrego, esperando ser abocanhado, apenas me prendes em seus lábios e me sugas a alma.

Silêncio.
Querido, minhas amígdalas já doem. E a querida Clarice já guardou a sua estrela.
Sim.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

ca.et.ano

...Por isso é que eu sou um vampiro e com meu cavalo negro eu apronto
E vou sugando o sangue dos meninos e das meninas que eu encontro

Por isso é bom não se aproximar
Muito perto dos meus olhos
Senão eu te dou uma mordida que deixa na sua carne aquela ferida

Na minha boca eu sinto a saliva que já secou...

segunda-feira, 24 de março de 2008

a(u)tor

Atores de verdade nos fazem condenar atitudes que consideramos normais na vida fora da luz baixa e dos assentos voltados para o palco.
O verdadeiro ator nos recria durante a sua presença. Mesmo sendo esta, uma mentira temporária.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Eu com a música.

A música.


Ah, a música!
A música me lembra os dias em que saia da rota seguida diariamente.
Essa música gostosa, leve, de um balanço quase infantil.

Me guiava pelas ruas, pelas janelas. Fechado na música, ela me contava histórias, me falava de dramas distantes e mitologias perfeitas. Me falava de amores.
Por que se fala tanto de amor nas músicas?

Ela transformava a agonia da espera, uma idealização de futuro. Futuro junto ao seu.
E fazia o momento tão esperado, lhe ver sorridente abrindo a porta de sua casa e falando da sua preocupação com a minha demora, parecerem instantes.

Hoje a tomo em doses controladas, pros sabores do saudosismo que tenho desses momentos não se dissiparem nas rotas do meu dia-a-dia.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O que está acontecendo?

O enjoô vem;
Vem após a vertigem desorientadora. A falta de espaço, de ar e de tempo.
O desconforto físico é de ordem psicológica.

Assustado;
Atormentado pelo o que pode ter feito, com sua inconsequência adolescente.

O enjoô continua;
Continua e a cabeça parece pequena de mais, leve de mais, fria de mais...
O pescoço trava, a mão esfria, umidece.

Mudando os focos, a vertigem aumenta.

Precisaria correr, sair dali, mas respousar. Os braços e pernas estão amolecidos. Respirar, precisa de calor e de frio, precisa vomitar;
Vomitar tudo que engoliu até agora.



O enjoô não cessa.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Espectador.

Como espectador pela janela começo a assistir esta jovem alma calçada em sandálias amarelas.
Ela varre a varanda.
Parece estar preocupada com o mundo lá fora. Mesmo assim, na sua pose, mostra olhos seguros de seu lugar e, em esporádicas festas na churrasqueira, eles brilham com a brasa, e ela brinca, ri e fala alto.
Será que é casada?
E há este homem que sai junto o sol para o dia, em seu carro popular de último ano, estacionado de qualquer forma no vasto gramado. Ele fuma e tem amigos. Eles chegam nas pontas dos pés, nas madrugadas em que saio pra tomar ar em meu pequeno gramado sintético.
Por aparentar ter seus 30 anos, acredito que o homem já formado não seja filho desta jovem mulher.
Ela transparece versatilidade e boa adaptação a vida moderna. Cabelos curtos e descoloridos como a de alguma personagem de filmes.

Gosto de ficar imaginando que tipo de vida ela tem e o que faz, quando não está com suas sandálias amarelas varrendo a varanda.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Caos em Florianópolis.

- Tá chovendo desde de manhã.
- Deixa, uma hora para...


Hoje as sandálias não nos deram o ar da graça pelo simples motivo que chove demais, e a piscina transbordou.
Não é mais preciso varrer a varanda.

Francamente, pôxa.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Um passo ao niilismo.

Naquilo que vejo nao existo nem incido. Apenas vejo, recebo.



Para aqueles que acreditam serem apenas pedaços de matéria aleatoriamente organizados no espaço, a fé está na criação!
A busca incessante é pela imortalidade já que a mortalidade é nossa única maldição certa pós-concepção.
O medo... O medo está em não ser lembrado, ser fruto passageiro que não nutriu absolutamente nada. E está a verdadeira busca e conquista de uma imortalidade moral.

Um Novo Universo.

Desejo-me as devidas boas-vindas ao recinto.

- Já pode ligar a música?