quinta-feira, 30 de abril de 2009

meu bem

Amor, vou ser breve. Não, não posso dizer que serei breve sem ao menos começar.
Eu até escreveria algo dizendo que quero esse início livre de promessas, pois sei que assim você o gosta, mas eu não me permito. Até agora me construi nas promessas.
Bom, o que eu quero mesmo dizer amor, é que nós afundamos.
E que nosso mar calmo de outono esfriou ainda mais com o inverno, e nossas ondas cada vez mais altas, cada vez mais distantes.
Eu estava ontem, aqui mesmo onde lhe escrevo, pensando na amargura que quando em vez me vem a boca. Pensando que não há mais o que admirar em você. Nossa fonte secou.
Me peguei talhando madeira oca, quando minha martelada ia com um pouco mais de força fazia buracos. E eu cansei de me resignar preparando essa massa de serragem com cheiro ocre.
Entendi que no fim você não é nada e que nada podemos construir. Amor, não se sinta tão diminuido, também não sou nada. E se eu não entendo as palavras que saem da sua boca, não é tão ruim, eu também não entendo as que saem da minha.
Aliás, se ainda lhe chamo de amor não é por mais que hipocrisia, por conveniência, carência ou minha libido adolescente.
Me sinto bem em seus braços, mas por que eles são quentes e nada mais.
Descobri que em você não há nada de mais.
E nada de mais amor, você sabe que não é pra mim.




2 comentários:

cássia guerra disse...

Texto agoniante. Sufocante.
Acho que tem um 'quê' de inspiração no Caio F, estou certa?

Belos versos como sempre Andrei.

Anônimo disse...

"Um quê de inspiração no Caio F"? Tu lê o Caio? Guri, gostei deste texto e do blog, ao menos de alguns trechos que li enquanto descia o mouse pela página.